quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Frustração


Frustração pode ser traduzido como um estado de mal estar que ocorre quando uma pessoa se sujeita a uma contrariedade importante ou quando é proibida a realização de desejo com aquisição de um sentimento de satisfação em face de uma exigência de ordem pulsional.

Segundo Sigmund Freud (1856 – 1939), os seres humanos tornam-se neuróticos por causa da frustração. A primeira resulta do conflito entre os desejos libidinais e os ideiais, levando a que o desprazer, a insatisfação se imponham ao prazer. A frustração segundo este autor implica a presença de um elemento exterior que é recusado em face de uma exigência de maior nível - exigências egoicas, exigências sociais, morais, éticas, entre outras - .  Para Melanie Klein (1882-1960), dentro das conceções de relação de objeto e remontando às relações precoces, a frustração do bebé está associada à ausência do seio materno que o sacia, alimenta e lhe dá calor e conforto.

 

A noção de frustração está sempre associada à tolerância para suportar o desprazer ou a ausência de um objeto externo/interno que vá de encontro com o desejo. Está sempre presente a marca do permanente conflito entre o ego e a libido.

Sobredeterminação


A sobredeterminação é um termo da filosofia e pode ser traduzido como sendo uma modalidade singular de cada objeto. É esta modalidade que leva na sua relação a outras formas de cada objeto operar, que geram a um dado efeito. Foi rebuscada para a psicanalise em particular na “Interpretação dos Sonhos” (1900). Sigmund Freud afirma que cada um dos elementos de um sonho é sobredeterminado e como que representado diversas vezes nos pensamentos do sonho. A sobredeterminação confere um valor maior a elementos de menor importância de tal modo que estes podem penetrar no sonho. A sobredeterminação não tem estatuto de mecanismo de defesa mas é uma ação psíquica associada à proteção da psique. Faz parte do trabalho de condenação que ocorre num sonho, podendo dar origem a múltiplas interpretações. Dito de outra forma, um sintoma ou uma situação que ocorre sendo da responsabilidade uma ação que pode não ter apenas uma causa subjacente, não estando pois dependente de uma só interpretação.  A sobredeterminação esclarecida por Jean Laplanche (1924 - 2012) e Jean Bertrand Pontalis (1924 - 2013) não implica que o sonho possa ser objeto de inúmeras interpretações ou que implique a independência das diversas significações atribuídas mas que deverá ser analisado assente na ação sobredeterminada.

Catarse


Tem origem grega e já era usada por Aristóteles. Pode ser compreendida como um processo de purgação ou eliminação das paixões que se produz no espetador quando assiste este assiste à representação teatral de uma tragédia. Em psicologia clinica e em psicanalise o sentido deste conceito não varia daquele utilizado noutros tempos - necessidade de libertação de medos, angustias ou opressões. A catarse pode ser compreendida como a reação de um individuo que em face de um dano, tem a necessidade de os eliminar. Está associada também à purificação da alma, contendo também um registo espiritual. Este conceito foi tratado por Sigmund Freud  (1856 – 1939) e por Josef Breuer (1842 – 1925) quando dos  seus estudos sobre a histeria. O método catártico refere-se ao procedimento terapêutico no qual o individuo consegue eliminar os afetos patogénicos, revivendo como numa peça teatral, os acontecimentos traumáticos a que estão ligados. A catarse deriva do hipnotismo e foi utilizado pelo autor para criar o método psicanalítico propriamente dito, baseado na associação livre.

Satisfação


Embora não corresponda sempre à realização de um desejo, a satisfação é a vivência de prazer associada à concretização de uma ação em benefício de um individuo. Depende habitualmente de um objeto externo real que é investido e modelo interiorizado que está ligado à fantasia e aos fantasmas. Também se encontra relacionado com o estado de desamparo no ser humano pois o organismo, inicialmente não pode provocar a ação especifica capaz de suprimir a falta, a ausência que vai gerando tensão e angústia. Em psicanalise o conceito satisfação surge descrito nas relações precoces, na constituição identitária do bébe ou da criança na sua relação ao mundo, ao outro, em especial à mãe, o primeiro objeto psíquico que lhe pode prover calor, afeto, saciação da sede da fome ou conforto. À satisfação subjaz uma necessidade que é suprimida. Por estar ligada ao objeto real, poderá ser reinvestida mesmo na sua ausência ao que se chama satisfação alucinatória do desejo. Esta satisfação alucinatória do desejo irá servir de base às posteriores procuras de um objeto satisfatório.. O suprimento dessa tensão necessita de um outro. Se novo estado de tensão emerge, a primeira imagem que o aparelho psíquico procura é a do objeto necessitado, sendo então revestida de desejo. Se este não é satisfeito, surge a frustração.

É através das necessidades egoicas que o individuo procura a satisfação que ao longo do seu amadurecimento vão se transformando, aproximando-se habitualmente da perceção e da realidade, afastando-se da alucinação.

Devaneio


O devaneio é o sonho diurno que implica um enredo imaginado tal como o sonho noturno. É vivido no estado de vigília. É a realização de um desejo com mecanismos de formação idênticos ao do sonho noturno, à exceção de haver um predomínio da elaboração secundária. Assenta também sobre impressões deixadas por acontecimentos infantis e beneficiam de um certo relaxamento da censura. Pode surgir com conteúdo alterado contudo carece de intensidade e importância ou enredo como o dos sonhos noturnos.

O estudo dos devaneios está exposta na obra de grande relevo para o assunto: A interpretação dos Sonhos, 1905, de Sigmund Freud.

Paixão


Paixão poderá ser traduzido como uma intensidade emocional psíquica e física sentida por outra pessoa. Este significado pode-se estender de forma sublimada a objetos, animais, convicções ou valores. Em psicologia clínica e também em psicanalise é considerada uma modalidade de relação de objeto  que se refere quer ao amor, ao místico, à coleção, ao jogo, ao mestre ou ídolo, com investimento libidinal transbordante do eu sobre o objeto  (único). Pode-se afirmar que a paixão está associado ao mecanismo psíquico de idealização, quer esta seja positiva – mais direcionada para o amor, contudo em excesso, ou negativa – mais orientada para o ódio. É pela intensidade do sentimento muito vivo com “cegueira” e enfraquecimento da razão, que a paixão poderá ser compreendida como a relação com o “grandioso”, só esse capaz de prover alguma coisa de bom ao individuo que sente paixão por. Pode cair sobre a procura incessante e para o inalcançável – a escolha de objeto anaclitico – e levar ao desequilíbrio psíquico grave, pela incapacidade de lidar com o extremo emocional. Temporário, inicio da relação amorosa e não só, ou infindável, desequilíbrio de personalidade.

Sigmund Freud (1856 – 1939), pai da psicanalise e teórico da sexualidade humana,  relançou sobre  a temática da paixão sobre a vida amorosa dos seres humanos, a interpretação de uma procura de anaclise sobre as pessoas que podem assegurar os cuidados e a proteção da criança, fazendo referência, dentro do narcisismo, à procura regressiva ao materno, ao ser infantil. Defende para a paixão, intensa e ideal, a escolha de objeto narcísica na qual o objeto é escolhido não pelo modelo da própria mãe mas pelo modelo da própria pessoa, sempre idealizado. A escolha do outro é sempre uma escolha idealizada, isto é, com frágeis laços sobre a realidade concreta desse mesmo outro, mas com aquilo que se impõe como idealizado.

Quando a paixão é assemelhada ao amor, amamos segundo o tipo de escolha narcísica o que fomos ou o que perdemos ou ainda aquilo que possui qualidade eminente que falta ao eu para atingir o Ideal. Amar é suprimir a falta do outro naquilo que ele é e pode satisfazer as necessidades do outro naquilo que ele comtempla como tal, é amor oblativo.

Ter uma paixão é procurar encaixar qualquer um, aquele mais semelhante a um ideal não vivido mas distorcido naquilo que se percecionou na infância, nas primeiras relações. É a procura de um ideal que é parte de si mesmo, no limite aceitável daquilo que é, o si mesmo e não, nunca, um outro, diferente, complementar.

A paixão possuiu o poder de suprimir os recalcamentos e restabelecer as perversões, elevando o objeto sexual à categoria de ideal sexual. Este ideal sexual deve ser entendido como procura de uma satisfação substituta e não uma satisfação com substituição simbólica, podendo ser entendida numa relação de assistência com o ideal do eu. Retorno ao narcisismo e procura de um outro (outro-bengala ideal) que possua as perfeições que um individuo não pode atingir.

Interiorização


A interiorização é um conceito e mecanismo muito utilizado em psicologia clinica e psicoterapia psicanalítica, traduzindo-se como um processo cuja operação fundamental é a passagem do externo para o interno, (i.é, determinada relação externa transforma-se em relação interna, na pessoa, o tipo de relação, o conflito, o compromisso, a interdição e o objeto ao qual se liga). É sinónimo do mecanismo de introjeção. Este conceito foi introduzido por Melanie Klein (1882 – 1960) e indica a passagem fantasmática de um objeto bom ou mau para o interior do individuo. Este objeto pode ser total ou parcial. A interiorização é o mesmo processo contudo diz respeito às relações, à passagem das relações de fora para dentro. Esta passagem só tem lugar quando existe a diferenciação psíquica do individuo em relação aos outros e ao mundo que o rodeia, uma vez que as relações e os conflitos, também eles têm que ser diferenciados para que possam ser vivenciados.

Interpretação


 A interpretação de acesso a todos os seres humanos em razão, é uma ferramenta do profissional de psicologia, em especial clinica e também muito utilizada em psicanalise. Interpretar é ligar conteúdos e estabelecer ligações, podendo promover-se no outro a contenção e o auto-conhecimento. Em Psicanalise, a interpretação traz à luz as modalidades do conflito defensivo e em ultima análise tem em vista o desejo que se formula em qualquer produção do inconsciente. A interpretação está no cerne da doutrina e evolução do tratamento em psicanalise. A comunicação daquilo que o psicanalista interpreta é efetuada com vista a fazer o individuo aceder a esse sentido latente, segundo as regras determinadas pela direção e a evolução do tratamento.

 A interpretação permite conferir um significado ao material manifesto que o paciente traz para a consulta quer de psicologia quer de psicanalise. Para Sigmund Freud (1856 – 1939) a interpretação eleva o conteúdo latente do relato do paciente, o sentido daquilo que é dito. O objetivo ultimo da interpretação é o desejo inconsciente e o fantasma em que este se torna.

Reinversão da Pulsão


 A Reinversão da pulsão é um mecanismo de defesa que transforma um processo no seu contrário - atividade para a passividade -. A reinversão é então composta por duas operações – a de atividade e a de passividade –. (exemplo: o sadismo e o masoquismo, o voyeurismo e o exibicionismo).  A reinservão das pulsões foi descrita por Sigmund Freud (1856-1939), em especial no artigo “Pulsões e as suas Vicissitudes”, 1915. Neste artigo, Sigmund Freud, descreve os quatro itens que constituem uma pulsão: a fonte, o alvo, o fim e a intensidade e as suas quatro vicissitudes ou destinos: reversão do seu oposto, retorno ao próprio individuo, recalcamento, e sublimação, agrupadas dois a dois. A reinversão no seu oposto e o retorno sobre si próprio são dois destinos que estão sempre presentes e nunca se excluem. Implicam a presença um do outro. A reinversão no seu oposto implica o revirar da pulsão de atividade em passividade e o reverter no seu oposto do seu conteúdo. O que é ativo transforma-se em passivo.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Repetição


O conceito repetição surge em psicologia e psicanalise através de Sigmund Freud (1856 – 1939) e está intimamente ligado ao conceito de compulsão.

Embora seja, habitualmente entendido na sua patogeneidade, a repetição está presente na nossa psique e no nosso quotidiano. É a repetição que possibilita ligar e recriar pensamentos, símbolos, objetos, situações, vivencias, emoções, sentimentos, etc. Permite ensaiar numa base sólida conhecida, o novo, está na base da simbolização e do pensamento. Permite associar, ouvir ou ler de novo um pormenor que escapou, importante para o entendimento, num quadro de referencia importante. É a repetição que permite a criação de ritmos que rege a nossa vida psíquica e que transforma todo o repetido em novo.

Em 1920, com a obra “Para Alem do Principio do Prazer”, Sigmund Freud relaciona compulsão com repetição para dar conta de um processo inconsciente que o individuo não consegue controlar e que obriga constantemente a repetir sequências para assim poder resolvê-las, isto é liga-las, reelabora-las. Esta situação ocorre com vista à significação psíquica, à compreensão do sofrimento. Este autor chegou à conclusão de que um individuo que sofreu um trauma está sempre a repeti-lo não com vista a aumentar o seu sofrimento mas com vista a possibilitar que haja união desse trauma, em especial da dor de forma a apazigua-la. Esta situação é muito comum, particularmente nas neuroses de guerra nas quais é frequentemente serem relatadas repetições constantes de ideias, imagens e pensamentos que provocam variados distúrbios pela inquietação e perturbação que contêm.

Portanto, a compulsão à repetição provem do campo pulsional do qual o caracter de insistência tende a ter um caracter conservador. Tanto a repetição como a compulsão à repetição, embora sejam diferentes, em psicologia clinica esfumam-se numa só descrição, ficando o caracter normativo ou patológico (excessivo) apenas para a compulsão À repetição que significa que um individuo tem tendência - compulsão – para a repetição.

Faz parte do inconsciente, é a rememorização do sofrimento ligado a um traumatismo. Ainda a este propósito a compulsão à repetição e a repetição ficaram associados ao exemplo dado por Sigmund Freud, da brincadeira Fort Da, do seu neto. Dos relatos da brincadeira Fort Da, salienta-se que quando a sua mãe saía, o neto de Sigmund Freud, Ernst, costumava atirar um carrinho de linhas para longe dizendo “Fort” e depois quando o puxava dizia: “ohm, da”, fazendo isto constantemente. Em alemão “Fort” quer dizer Fora e Da quer dizer dentro. Nesta brincadeira repetida, vezes sem conta, o pequeno Ernst ia ensaiando tomar controlo do sofrimento passivo que advinha da sua mãe sair de casa à tarde e este ficar sozinho e abandonado. Ao repetir constantemente o atirar do carrinho para longe e depois puxa-lo até si, a criança tomava controlo do seu sofrimento, uma vez que dominava as entradas e saídas da mãe. Esta situação não obedece ao princípio do prazer, mas sim a uma repetição da dor constante e que indica, não que um individuo tenha tendência para provocar constantemente dor a si mesmo mas que há uma impossibilidade de escapar a um movimento de regressão independentemente do seu conteúdo. Esta regressão foi descrita por Sigmund Freud como uma regressão ao repouso, ao estado de tranquilidade que existia antes do sofrimento ter irrompido o psíquico e ter levado o individuo ao sofrimento. A compulsão à repetição ficou então associado à tentativa do aparelho psíquico não só tentar apaziguar o sofrimento provocado por um traumatismo através de união e reunião de associações como também uma tentativa para voltar ao estado de bem-estar anterior ao sofrimento que lhe foi infligido.

Tópica


O conceito tópica significa lugar ou sistema. É uma das noções basilares da Metapsicologia Freudiana, pois pressupõe a distinção do aparelho psíquico num determinado número de sistemas interligados entre si com características e funções distintas. Surge em psicanalise, com Sigmund Freud (1856 – 1939) referente às duas tópicas que constituem a metapsicologia Freudiana:

A 1ª Tópica é constituída por Inconsciente (ICS) – Pré-Consciente (PCS) – Consciente (CS).

A 2ª Tópica é constituída por Id – Super –Ego – Ego.

De forma esquemática há três instâncias: O Id – o lado pulsional da personalidade, O Ego, a instância que se situa como representante dos interesses da pessoa em relação à realidade e por tal é investido de líbido narcísica, desejos e ansias e o Super-Ego que é a instância que julga e critica a realização dos desejos e dos impulsos vindos do Id e também da realidade. O Super- Ego regula a função do Id e tenta regular também a função egoica. Da segunda tópica fazem parte as três instâncias da 1ª tópica, isto é no Id existem conteúdos inconscientes, no Ego existem conteúdos inconscientes, conscientes e pré-conscientes e no Super-Ego existem conteúdos conscientes, inconscientes e pré-conscientes. Estabelecem-se nas tópicas relações entre as instâncias e com as tópicas relações inter e intra-sistemas.

Posição Depressiva


Modalidade das relações de objeto de um individuo subsequente ao da posição esquizo-paranoide. Surge por volta do 4º mês de idade de um bébé e é progressivamente superada no decorrer da infância, ainda no 1º ano de vida. É reativada durante o desenvolvimento do ser humano em processos de perda e estados depressivos, testando-o nos seus limites de coerência, tolerância e capacidade de superação dos mesmos.


A posição depressiva original refere-se a capacidade de apreensão por parte da criança da mãe no seu total, como objeto total. A clivagem entre bom e mau, atenua-se na relação e vivencias com o materno e a psique da criança tende a atenuar a separação radical entre as pulsões libidinais – de vida – e as pulsões hostis - de morte – num só objeto, o 1º objeto de grande significado identitário – a mãe -. A angustia chamada depressiva incide no perigo fantasmático se destruir e perder a mãe graças ao sadismo do individuo. Estas angustia depressiva pode ser resolvida de diferentes maneiras: de forma maníaca – ( tentativa de superar a perda negando-a intensamente), de forma obsessiva – (desprezando o objeto e com isso conseguir o triunfo sobre este) -  de forma simbólica – (aceitando a perda e a partir dos mecanismo de sublimação, deslocamento e simbolização, recriar essa perda pela substituição por outro objeto). Superada a perda o objeto amado é introjetado de forma estável e tranquilizadora. Este conceito foi introduzido por Melanie Klein ( 1882 – 1960)

Trauma


O trauma psicológico pode ser entendido como qualquer acontecimento que pela intensidade e seriedade da gravidade causa perturbação psicológica profunda, repercutindo-se ao nível da organização e estrutura da personalidade. O trauma habitualmente refere-se a acontecimentos extraordinários na vida de uma pessoa, que por circunstância ou vivência passada demonstra uma incapacidade para responder de forma adequada à situação vivida. Trauma é o foco, a lesão, o conteúdo de um maleficio psíquico e traumatismo é o tamanho da lesão. Sigmund Freud, (1856 – 1939), foi o primeiro autor a adotar o termo trauma para a área da psicologia. Descreveu-o no decurso de toda a sua obra, em especial a propósito das histerias, das neuroses de guerra e na constituição da teoria da sexualidade. Este autor defende que o trauma é uma vivência que vem do exterior e que origina uma excitação psíquica de tal forma intensa que o aparelho psíquico fica inundado, afundado (pela violência ou acumulação) em excitações as quais um individuo não consegue elaborar nem descarregar, provocando transtornos importantes na organização psíquica. É a partir do sinal de angustia que um individuo consegue determinar se aquele acontecimento ou a vivência que está a ocorrer pode ser elaborada pela sua mente ou não. O ego ao enviar um sinal de angustia informa que não pretende ficar afundado em excitações psíquicas com as quais não consegue lidar, provocando sofrimento pelo resultado de tal incapacidade ou transbordo excessivo.

Descreve o trauma a partir de três características: intensidade ou violência, efração e consequências sobre a organização psíquica. Este termo é de importância crucial para o processo de tratamento psicoterapêutico psicanalítico.

Transferência


A transferência, em psicologia, traduz-se pelo deslocar por parte do paciente dos sentimentos, afetos e inclusive da própria relação que desenvolveu com um dos pais, na infância, em determinada ocasião. Este mecanismo opera, habitualmente, de forma inconsciente, embora o paciente possa reconhecer como traço seu, uma determinada maneira de agir e reagir perante outro, em face de uma situação em específico. A base do mecanismo de transferência é a repetição. A transferência está na base da cura analítica e esta situação, operacionaliza a psicanalise e distingue-as de todas as outras psicoterapias. O termo transferência surge com Sigmund Freud, (1856 – 1939), em Estudos sobre a Histeria (1895) e em Interpretação dos Sonhos (1905) para designar o deslocamento do investimento das representações psíquicas, mais do que a relação paciente-analista. De um modo geral, o mecanismo de transferência pode ser considerado próximo do mecanismo de deslocamento, uma vez que é, igualmente, o transpor para um objeto (uma pessoa, um animal, um objeto concreto, um valor, uma convicção, entre outros), sentimentos, afetos e vivências que se repetem com um propósito.

Libido


Líbido significa em sentido geral e comum energia sexual, em sentido estrito é uma manifestação ou resultado da pulsão sexual na vida psíquica do ser humano. É a manifestação dinâmica da vida interior de cada pessoa, sendo mais ou menos mensurável de acordo com as nossas definições de amor e afetos. A líbido está diretamente qualificada e quantificada na teoria de afetividade de cada individuo cria para si. Também pode ser descrita do ponto de vista qualitativo ou quantitativo. Qualitativamente consideramos a líbido como sexualizada, isto é com objetivos da libertação sexual, com uso de mecanismos tais como a sublimação e o deslocamento. Não tendo objetivos de libertação sexual está dessexualizada, isto é, relacionada com investimentos não sexuais, mais de caracter narcísico, (auto-conservação).

Foi introduzida por Sigmund Freud (1856 – 1939) na Teoria da Sexualidade (1905), a líbido surge como associada unicamente ao desejo sexual, com objetivo na satisfação. A libido enquanto energia pulsional liga-se a objetos comum objetivo, abandona-os e passa para o seguinte. Mais tarde, este autor alarga o conceito associando-o à vida, às pulsões de auto-conservação da própria vida, da substancia viva em relação à substância morta. Nesse sentido, a libido poderá ser caracterizada tendo mais um caracter de energia vital em vez de energia sexual.

Identificação com o Agressor


É um mecanismo de defesa psíquico secundário que mobiliza a capacidade de adaptação e resiliência.  Uma pessoa confrontada com um perigo exterior identifica-se com o agressor, reproduzido os seus comportamentos, imitando-o moralmente ou fisicamente, ou assume por si próprio a culpa da agressão. Anna Freud (1895 -1982) é a autora que descreve este mecanismo de defesa, que é utilizado enquanto conceito em psicologia desde 1936. É parte constituinte na estruturação psíquica de uma criança, ao longo do seu desenvolvimento, sendo mais predominante, nas neuroses, de forma menos patológica e é bastante referido enquanto mecanismo de sobrevivência e contra o enlouquecimento principalmente em crianças que são mantidas em cativeiro, prisioneiras e que são abusadas moralmente ou fisicamente por adultos, continuamente durante anos. Pode ocorrer um esforço psicológico extremo de compreensão dos comportamentos cruéis contra elas mesmas.

Deslocamento


O mecanismo de defesa psicológico deslocamento que implica a tradução de conteúdos diversos inconscientes em conteúdos mais aprazíveis, a partir do transpor num objeto mais agradável e longe da consciência, os sentimentos e angustias sentidas por um outro objeto – original. Pressupõe o mecanismo de defesa psicológica da substituição de uma representação dolorosa por uma outra que seja permitida pela censura e/ou resistência. Subjaze-lhe a passagem do processo primário ao processo secundário. Surge com Sigmund Freud (1856 – 1939) no texto Projeto para uma Psicologia Cientifica (1896)  e ao longo da obra, assistimos a diversas reformulações que vão aprimorando o conceito, tal como em “A Psicopatologia da Vida Quotidiana”.  É também abordada por Anna Freud (1895 – 1982) e por Melanie Klein (1882- 1960).

Contra - Transferência


A contra- transferência é um dos mecanismos que surge na relação paciente - psicanalista, durante o processo terapêutico de uma psicanalise. Refere-se ao sentimentos, afetos, atitudes do terapeuta, conscientes e/ou inconscientes, em relação ao seu paciente, à sua vida, a determinados da sua vida ou preocupações. Poderá ser observada inclusive na própria relação que o terapeuta desenvolve como paciente. O primeiro autor, psicanalista, a nomear a contra-transferência foi Sandor Ferenczi (1873 – 1933), por volta de 1909. Sigmund Freud (1856 – 1939) reformulou-o, principalmente na exigência do psicanalista ter consciência da contra-transferência e domina-la, sendo uma exigência da técnica psicanalítica.

Clivagem


 

O mecanismo de defesa psicológico clivagem traduz-se pela separação fundamental entre dois polos de afetos. Estes dois polos podem ser considerados objetos, isto é, podem ser considerados uma pessoa em boa e má, um sentimento, um objeto em concreto. Não existe existência dos dois polos num mesmo tempo. ( como exemplo: um mesmo objeto é sujeito a um amor extremo por parte de um individuo e mais tarde é sujeito a um ódio extremo – duas emoções contraditórias sobre um mesmo objeto, não existindo outra característica. Um mesmo objeto é sujeito a um amor extremo por parte do objeto e é também sujeito a um ódio extremo - duas emoções contraditórias sobre um mesmo objeto, não existindo outra característica.

Foi introduzido por Sigmund Freud (1856 – 1939), em 1927, em o “Futuro de uma Ilusão” para descrever as psicoses, e as perversões em geral, em relação à realidade. Mélanie Klein (1882 – 1960) também abordou este mecanismo, contudo, explicou-o na relação de um individuo em relação a um objeto (pessoa, animal, objeto concreto, etc.) a partir da sua teoria de bons e maus objetos e numa perspetiva de desenvolvimento.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Anáclise

Concepção introduzida por  Sigmund Freud (1856 – 1939) na psicanalise e designa a rigor, apoio. É utilizado pelo autor para descrever relações entre pulsões, apoio das pulsões em funções corporais, a apoio das pulsões em objetos. Está associado à relação primitiva das pulsões sexuais com as pulsões de auto-conservação e com as pulsões sexuais que se apoiam nas funções vitais e lhe fornecem uma fonte orgânica e um objeto. Na psicanalise contemporânea, foi alargado para poder esclarecer as relações de apoio de um individuo no objeto de amor. Está muito presente na obra “Três ensaios sobre a sexualidade” (1905). Nesta obra, Sigmund Freud descreve uma relação estreita entre a noção de pulsão e certas grandes funções corporais. (exemplo: na atividade oral do lactente no prazer encontrado na sucção do seio – a satisfação da zona erógena estava associada à satisfação de alimento.
 A função corporal dá à sexualidade a sua fonte ou zona erógena, uma vez que lhe indica um objeto, no caso da atividade oral, o seio, no caso do latente, não sendo redutível à simples satisfação da fome)

Pulsão


A pulsão é entendida uma força ou pressão energética, psíquica, que faz tender o organismo para um alvo. De acordo Sigmund Freud (1856-1939) um pulsão tem uma fonte de excitação de natureza física, como exemplo um estado de ansiedade, uma tensão ou pressão. O seu alvo é suprimir o estado de tensão e é num objeto que a pulsão pode atingir o seu fim. A palavra mais semelhante a pulsão será impulsão ou impulso. O seu caracter imutável encontra-se ao nível da pressão, pois tanto os seus alvos como os seus objetos são variáveis.

Distinta da noção de instinto, a noção de pulsar está assemelhada ao descarregar, uma vez que à noção de pulsão estão inerentes os termos de suprimir e descarregar sobre ou através de qualquer coisa a tensão corporal, em conformidade com o princípio da constância. Ao lado das excitações externas que carregam um individuo de tensão e vivencias de pressão, juntam-se aquelas que vêm do seu mundo interno, as naturais e aquelas que advêm de reação ao externo, também elas portadoras de excitação e que são para o autor o fator propulsor do funcionamento psíquico.

Das diversas Pulsões, distinguem-se:

As Pulsões Agressivas

As Pulsões Destrutivas

As Pulsões de Dominação

As Pulsões Parciais - Pulsão Oral, Pulsão Anal, entre outras.

As Pulsões Sexuais

As Pulsões de Auto-Conservação

As Pulsões do Ego

Pulsões de Morte

As Pulsões de Vida

Associação Livre


A associação livre é um método psicanalítico, se não, o mais importante. É pelo método da associação livre que o paciente tem livre expressão de pensamentos, ideias, vivências, representações, sonhos, através de um elemento que pode ser dado, imaginado ou vivido. O elemento pode ser compreendido como uma palavra, uma imagem, qualquer representação que faça sentido que seja importante para o analisando. A associação livre pode ser esclarecido como a procura insistente de um elemento patogénico que desaparece e ressurge por meio de sonhos, lapsos ou símbolos aparentemente indecifráveis. Sigmund Freud (1856 - 1939) foi o seu autor e utilizou a associação livre na sua autoanálise.
O principio que subjaz este método é a tentativa de eliminação voluntária dos pensamentos, baixando as defesas psicológicas, em especial a censura entre pré-consciente e consciente e deixar vislumbrar o inconsciente.

A Metapsicologia


A Metapsicologia é o nome dado à teoria freudiana e engloba noções importantes tais como : 1ª tópica: inconsciente-pré-consciente-consciente, 2ª tópica: Id- Super-Ego- Ego, pulsão, recalcamento, fantasia, entre outros. Tem como objeto o inconsciente e é por excelência o conjunto de conceptualizações que levaram Sigmund Freud (1856 -1939) à invenção da Psicologia e da Psicanalise. É uma das maiores invenções do Sec. XIX.

Serve designar a ciência por ele fundada na sua dimensão mais teórica. Serve-se da noção de fenómeno para o cercar, reconstruir perseguindo as suas causas e relações. É a compreensão dos processos reais. É também designada uma teoria causal na qual se apoia um outra noção: a pulsão, estudando os seus destinos, tal como o recalcamento. Outra grande descoberta Freudiana que indica a necessidade de uma dinâmica ou teoria de forças e as suas relações reciprocas e conflituais.

A metapsicologia elabora um conjunto de modelos conceptuais tais como a ficção de um aparelho psíquico dividido por instâncias. É uma tentativa de explicação dos processos psicológicos e por isso apoia-se num imperativo acerca dos fenómenos psicológicos: estes têm que se descritos tendo em consideração três pontos de vista: Dinâmico, Tópico e Económico

Dinâmico: qualifica tudo aquilo que é da ordem da relação entre energias psíquicas, pulsão-representação, entre representações

Tópico: qualifica tudo aquilo que se refere à localização sob a qual ocorrem os processos psíquicos

Económico: qualifica  tudo aquilo que se refere aos processos psíquicos no que diz respeito à energia dispendida para a sua circulação, aumento ou diminuição

Teoria da Sedução


A Teoria da Sedução foi uma das teorias conceptualizadas por Sigmund Freud ( 1856 -1939). Defendeu que a neurose teria origem em abuso sexual, apoiando-se numa realidade social e numa evidência clínica. A palavra sedução induz a uma cena sexual na qual um individuo mais forte, normalmente um adulto, serve-se desse estatuto para abusar sexualmente de outro individuo habitualmente inferior e mais fraco, por exemplo: uma criança, uma mulher. A teoria da sedução sofreu varias alterações e por essa via é entendida como sedução e /ou abuso de um agressor a uma vitima, sendo esse abuso ou sedução real ou fantasmática. Foi com base na Teoria de Sedução que Sigmund Freud construiu a sua primeira hipótese sobre o recalcamento e sobre a causalidade sexual da histeria. Foi colocada de parte, até pelo próprio autor para dar lugar à teoria da fantasia.
O paralelismo entre estas duas teorias, ainda hoje abre campos para novas investigações e reflexões em particular e em especifico para o entendimento das psicoses e dos estados-limite, em especial em França.

Análise Didática


A análise didática é um termo criado por Sigmund Freud (1856 – 1939) e adotada pela International Psychoanalytical Association (IPA) em 1925. É uma formação obrigatória que se constitui através de uma psicanalise com um analista muito experiente. Está destinada a quem pretende seguir a profissão de psicanalista.

Foi criada por Carl Gustav Jung (1875 – 1961) quando trabalhava com Eugen Bleuler (1857 – 1939). Sigmund Freud operacionalizou o termo realçando a necessidade de submeter aqueles que queriam ser terapeutas a uma psicanalise didática. Estes autores defendida que eles próprios eram afetados pelos mesmos problemas psicológicos que os seus pacientes.

 A analise didática enraizou-se espontaneamente no seio do mundo da psicanalise e foi elaborada na famosa Sociedade das Quartas-Feiras, origem da Sociedade de Psicanalise de Viena. A transferência e a contra-transferencia foram reflexões obrigatórias e a constituição de regras rígidas foram impostas, em especial nos relacionamentos entre terapeutas e pacientes. A Analise Didática marcou todos os grandes debates dentro da psicanalise e promoveu muitas ruturas entre os diversos autores pelo mundo inteiro.

 

Relação de Objeto


Relação de Objeto é uma conceptualização fundamentalmente psicanalítica. Refere-se ao tipo de relação – que pode ser classificável de inúmeras maneiras – a um objeto – psíquico ou físico. Possibilita compreender as relações e dinamismo da mente humana. É, habitualmente, uma expressão pós-freudiana que designa a rigor as modalidades fantasmáticas da relação do individuo com o mundo exterior, a partir de referencias ao mundo interno, nas escolhas de objeto que o individuo faz. Descreve  e concetualiza o individuo como ser individual e pensante, proprietário da sua ação consciente e/ou inconsciente enquanto ser em relação com objetos, sejam estes internos ou externos. Existe porque É em relação.

O termo relação de objeto parte das conceções freudiana mas não só de pulsão mas também daquilo que se adivinhou mais tarde como sendo o objeto. Da noção de pulsão, não só o fim e o alvo são objeto de inspiração para a nova conceptualização mas também o objeto definido em Sigmund Freud (1856-1939) como uma pessoa, um objeto parcial, um objeto real ou um objeto fantasmático. Para os psicólogos e psicanalistas freudianos não é uma invenção é uma recriação da teoria freudiana.

Também com o seu par Karl Abraham (1873 - 1933), psicanalista Alemão, encontramos a noção de objeto e a sua influência impar sobre a compreensão da estrutura psíquica. Dividiu os estádios da sexualidade infantil e atribuiu-lhes uma posição estrutural, as atividades do individuo eram moldadas pelos próprios objetos, pela relação que este construía com os objetos (parciais).

A principal autora da conceptualização de Relação de Objeto foi Melanie Klein (1882 – 1960) com a invenção de objeto bom e mau, na descrição das relações objetais precoces, Desenvolvimento infantil. Escancarou a porta do pensamento sobre a evolução psicológica de um individuo de acordo com sucessivos reordenamentos da relação de objeto – de parcial para total. Da relação pulsional e sexual passou-se a considerar os tipos de relação de objeto como ponto de partida para o pensamento sobre o outro. Esta autora abandona a noção de estádio e adota a noção de posição, querendo com isto dizer que um individuo passa uma posição contudo pode voltar atras, para outra posição, sem com isto querer dar o sentido de passagem de fase como sinonimo de desenvolvimento ou evolução.

A tónica foi colocada mais ao nível das relações entre o mundo interno e o mundo externo, sem com isto querer dizer que Sigmund Freud não o fazia, contudo a dinâmica dos processos psíquicos passam pelo o objeto e não tanto sobre o ego.

Depois da segunda guerra mundial, a clinica das relações objetais assumiu tamanha amplitude que ultrapassou a sua autora, tendo começado a surgir o termo Escola das Relações de Objeto pela aderência massiva de grandes autores a esta perspetiva psicanalítica. Na parte dianteira desta escola encontramos Michael Balint (1896 – 1970), Wilfred Ruprecht Bion (1897 -1979), Ronald Fairbain (1889 - 1964) e Donald Woods Winnicott (1896 -1971), Hanna Segal (1918 – 2011)

Da contribuição kleiniana que visava a realidade psíquica e a realidade fantasmática foram adicionadas as realidades familiares, sociais, comunitárias, entre outras, e a teoria de relação de objeto expande-se até aos nossos dias. Foi ainda mais elevada através das elevadas descrições sobre as perturbações mais atuais, as perturbações narcísicas muito associadas ao individualismo e ao egoísmo no mundo ocidental dominado pelas razões de cariz económico. Também do lacanismo adveio uma explicitação da presença e ausência do objeto- a privação ( falta real de um objeto simbólico), a frustração ( falta imaginária de um objeto real) e a Castração ( falta simbólica de um objeto imaginário)

Da Teoria da Relações de Objeto atribuiu-se a invenção de inúmeras conceptualizações que a ela estão associadas tais como: objeto parcial e total, fantasmático, frustração, Mundo interno e mundo externo, real, simbolismo, objeto imaginário, entre outros. Também se atribui a tendência nefasta para considerar a perturbação borderline ou comumente os Estados-Limites como a perturbação com maior incidência no mundo, um saco fundo onde cabem todos os distúrbios e não é verdade.

Destacam-se algumas obras importantes sobre a Teoria das Relações de Objeto: Dicionário do Pensamento Kleiniano, R. S. Hinshelwood, 1991, O Grupo de Independentes e a Psicanalise Britanica, 1990, R. D. Eric Rayner, O seminário 4, A relação de Objeto, 1956-1957, 1994, J. Lacan, A Psicanalise de Crianças, 1933, M. Klein, Relações de Objeto na Teoria Psicanalítica, Jay R. Greenberg S. A. Micthel, 2003

 

Escotomização


Descreve uma recusa muito intensa em percecionar a realidade exterior. Auxiliada pelo mecanismo de projeção, a escotomização serve para recusar que aquilo que um inidividuo projetou é seu e não do exterior, podendo pois a realidade ser escotomizada e não apreendida. É utilizada em conjunto com outros mecanismos de defesa de natureza psicótica ou ditos primários. A realidade tal como se apresenta não é apreendida, é moldada e habitualmente francamente distorcida para que o individuo assim se possa proteger do sofrimento. O termo escotomização pode ser assemelhado ao conceito de foraclusão conceptualizado por Jacques Lacan (1901 - 1981) e traduz-se como mecanismo no qual ocorre uma recusa de um significante fundamental para fora do universo simbólico individual.
Quando essa recusa ou rejeição ocorre, o significante é foracluído, não sendo pois integrado ao nível inconsciente retornando  então ao individuo como alucinação. Este conceito foi explicitado pelo autor na analise que fez do Caso do juiz Daniel Paul Schreber, um dos casos mais conhecidos de Sigmund Freud (1856-1939), de 1911 – «O caso Schreber»

Recordação Encobridora


A recordação encobridora pode ser descrita por um tipo de recordação, normalmente diurna, com aparente insignificância e nitidez. Poderá também esconder as reais intenções e desejos, realizados ou não, protagonistas do sonho na noite anterior. Está assemelhada ao resto diurno. Uma análise de uma recordação encobridora, tal como o próprio nome indica, conduz à descoberta de experiências infantis relevantes e fantasmas inconscientes.

É considerada uma formação de compromisso (ato falhado, lapso, sintoma) entre os elementos recalcados e a defesa. Foi descoberto por Sigmund Freud (1856 – 1939) desde que este enveredou pelos tratamentos psicanalíticos - quer na sua auto-analise quer na dos seus primeiros pacientes com histeria.

Psicodrama


O Psicodrama é um método de Psicoterapia que utiliza as conceptualizações da Psicanalise. Foi inventada por Jacob Levy Moreno (1889 – 1974) e consiste na representação num palco de teatro improvisado. Um individuo é convidado a representar um acontecimento ou situação com um objetivo terapêutico.

A sessão psicodinâmica divide-se em três partes: o encaminhamento no qual o paciente é solicitado a explicar como vivência o seu papel – a representação -, a ação durante a qual representa o acontecimento sob a forma de um drama, o retorno no qual deverá explicar como se encontrou no drama. Estas três partes podem ser identificadas como: aquecimento, dramatização e comentários. Os instrumentos utilizados no psicodrama são: o palco, o protagonista – o paciente, o diretor, os egos auxiliares e o auditório

Os acontecimentos representados podem ser a sua vida, um trauma, um episódio marcante. A representação depende do terapeuta e daquilo que é proposto como objetivo terapêutico.

A sessão de psicodrama apela a tais como: inversão de papéis, jogos de espelhos, desdobramento da personalidade e utilização do coro ou monólogo.

O Psicodrama é utilizado para tratamento de psicoses e outras perturbações graves tais como o narcisismo.

Psicogénese


A Psicogénese é uma área da psicologia que estuda a origem e o desenvolvimento ou evolução dos processos mentais, das funções psíquicas ou das causas psicológicas que estão por detrás de diversos fenómenos com origem mental tais como: sinais ou sintomas.

Autores tais como Sigmund Freud (1856 – 1939) nas obras «Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade», (1905), «A Interpretação dos Sonhos», (1900), «Estudos sobre a Histeria», (1895),entre outras, descreveu e elaborou teses sobre as causas de alterações comportamentais ou os sintomas que indivíduos histéricos apresentam que conduzia a ações que não faziam parte da sua forma comum de funcionar.

Sinal de Angustia


De grande utilização em psicologia clinica e em psicanalise –origem do termo – o sinal de angustia é uma manifestação tanto física como psíquica que transmite a um individuo que este deve estar alerta perante um perigo iminente. É preventor na medida em que evita o traumatismo quer psíquico quer físico perante o perigo. Pode esclarecer que o ego põe em atividade determinadas operações perante uma situação perigosa. Evita que o individuo fique em sofrimento, por outras palavras que o aparelho psíquico fique inundado de excitações podendo ir ao ponto de não sobreviver. O objetivo do sinal de angústia é reproduzir uma angústia memorizada de um acontecimento passado mas semelhante aquele que não se pretende que ocorra.

Este termo foi introduzido por Sigmund Freud (1856 - 1939) no seu trabalho sobre “ Inibição, Sintoma e Angustia” (1926) . O sinal de angústia poderá por exemplo reproduzir uma emoção intensa que se impõe ao pensamento ou à reação para agir ou fugir, poderá ter um recurso apenas psíquico ou motor. É reconhecido pela mente e segundo o autor, faz referência a uma angústia que teve que ser suportada passivamente no passado sob aforma de angústia automática quando o individuo estava afundado em excitações.

Tecnica Ativa


A técnica ativa foi conceptualizada por Sandor Ferenczi (1873 – 1933). Refere-se a um conjunto de processos técnicos utlizados em psicanalise. Implica a atividade do psicanalista em determinadas ações que constituem a psicanalise tais como perguntas, horário e espaçamento das sessões, entre outras. A interpretação psicanalítica também faz parte da técnica ativa uma vez que faz incidir a sua ação sobre a repetição (ver compulsão à repetição)

 

Regra Fundamental


A regra fundamental diz respeito ao que acontece no setting analítico enquanto estrutura da situação analítica. A regra fundamental pode ser traduzida como aquilo que o paciente deve e pode fazer: dizer tudo aquilo que pensa e sente sem nada escolher e sem nada omitir do que lhe acorre ao espirito, mesmo que lhe pareça desagradável de comunicar, ridículo, desprovido de interesse ou despropositado. A regra fundamental estabelece no princípio do tratamento psicanalítico o método das associações lives. A regra fundamental diferente da associação livre, é também reveladora das próprias dificuldades que um individuo tem em usa-la sem reticências conscientes, resistências inconscientes.

 

Psicanalise Selvagem


A psicanalise selvagem pode ser considerada como a pratica da psicanalise sem recursos aos conhecimentos técnicos desta ou anda tipo de intervenções de psicanalistas amadores ou não experimentados que se baseiam em noções mal compreendidas, servindo estas para a interpretação avulso de diferentes ocorrências tais como sintomas, sonhos, palavras, ações.
A psicanalise selvagem pode ser considerada como o uso de interpretações que desconhece a dinâmica e singularidade da situação analítica revelando o conteúdo recalcado sem ter em conta as resistências e a transferência. A sua prática pode levar a consequências drásticas na vida de um individuo, por exemplo.

Principio da Constância


O principio da constância é um dos princípios que rege o funcionamento mental. Tem por função manter o nível quantitativo de excitações – que o aparelho psíquico recebe de dentro e de fora – baixo. Por essa razão possibilita a manutenção do aparelho psíquico num nível considerado calmo e harmonioso. A constância é obtida por um lado pela descarga da energia já presente e por outro lado a invasão que pode aumentar a quantidade de excitação e também a quantidade de defesa contra esse aumento. O princípio de constância está na base da teoria económica freudiana. O princípio da constância está intimamente ligado ao principio do prazer. O desprazer pode ser considerado, numa perspetiva económica, como o aumento de tensão e o prazer a diminuição dessa tensão.
 O principio da constância é diferente do principio de nirvana, que tende a colocar o aparelho psíquico na tensão de nível 0.Dos trabalhos de Sigmund Freud, que mais se destacam as diversas explicações sobre o princípio da constância, destacam-se:

Para Alem do Principio do Prazer, 1925

Projeto para uma Psicologia Cientifica, 1895

A Interpretação dos Sonhos, 1900

Double - Bind


Traduz-se como o duplo vinculo no qual um relacionamento entre dois indivíduos afetivamente considerados é estabelecido na oposição de uma mesma expressão. É o “sim” e o “não” de um mesmo acontecimento, ou o amor e o ódio de um mesmo sentimento, utilizando para tal, a linguagem. Poderá ser assemelhada à clivagem entre bom e mau, sobre um mesmo objeto (pessoa, circunstancia, situação, acontecimento, afeto, etc) que foi exposto de forma brilhante por Mélanie Klein (1882 – 1960) a propósito da relação objetal na teoria do desenvolvimento precoce.

Incesto


Pode ser definido como a relação sexual entre parentes consanguíneos adultos ou da mesma família, que tenham atingido a maioridade legal. Não é proibido por lei mas é reprovável pela sociedade. Pode ser crime, quando um dos parceiros apresenta queixa por abuso ou não consentimento. Já o casamento incestuoso é proibido por lei em todos os países. A filiação que nasce do incesto tambem não pode ser reconhecida com ambos os parentes.

As relações consideradas como incesto podem ser esclarecidas como aquelas entre mãe e filho ou pai e filho, filha, irmão e irmã. Por extensão da proibição também é considerado incesto as relações sexuais entre tio e sobrinhos, padrasto e enteado/a, madrasta e enteado/a, sogra e genro e sogro e nora. Foi por intermédio da tragédia do édipo que o incesto foi abordado em psicologia, através da Psicanalise e com Sigmund Freud (1856 – 1939), datado de 1897 numa carta que este autor enviou a Wilhelm Flies (1858 – 1928). As obras que mais abordam estas temáticas e pioneiras no tema são:  Três Ensaios sobre a Sexualidade” (1905) e  “Totem e Tabu” (1913).

Bissexualidade


Pode-se traduzir como o amor psicológico ou carnal entre pessoas que diferentes sexos e/ou pessoas do mesmo sexo, formando-se um triangulo relacional. Pode ser considerado uma disposição psíquica na qual o individuo se sente atraído por pessoas dos dois sexos simultaneamente como também pode ser considerado como falha da identidade sexual genital, adulto, com a escolha de um único objeto de amor.

A bissexualidade também poderá ser considerada como um terceiro sexo ao mesmo tempo andrógino ou hermafrodita. Para Sigmund Freud, a bissexualidade representava um conflito entre duas tendências: uma libido viril e um recalcamento feminino. Outros autores tais Wilhelm Fliess (1858 -1928), Donald Woods Winnicott (1896 – 1971) ou Jacques Lacan (1901 -1981), entre outros, estudaram a bissexualidade.

Resistência


Denominado por Sigmund Freud (1856 – 1939) para designar os entraves ao tratamento terapêutico em psicanalise. É tudo aquilo que nos atos e nas palavras do analisando se opõe ao acesso deste e do analista ao seu inconsciente. É a atitude de oposição às descobertas que vão sendo efetuadas durante o tratamento psicanalítico no que concerne aos desejos inconscientes comprometendo o individuo. Assume várias formas para que a oposição seja efetuada. É de notar que Freud renunciou à hipnose pela descoberta da resistência. É um obstáculo ao tratamento sintomático e ao processo de cura. Segundo o autor, é possível agrupar recordações através do seu grau de resistência. Essas apresentam-se como camadas concêntricas em redor de um núcleo central patogénico, no decurso do tratamento cada passagem de um círculo para o outro mais aproximado é uma vitória contra a resistência que pode jogar a favor e o caminho para a cura analítica.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Repressão


É um mecanismo de defesa dito primário através do qual um individuo retira da sua consciência conteúdos (pensamentos, vivências, sentimentos, etc) por estes serem entretidos como perigosos e por isso acarretam grande sofrimento. Não é usada o recalcamento – mecanismo de defesa secundário  mas sim a supressão e/ou o deslocamento.

 

Introjeção


Introjeção é um conceito que foi introduzido na psicanalise por Sandor Ferenczi e designa a aquisição e transformação de aspetos externos em aspetos internos. Distancia-se da identificação pela presença modo inconsciente e fantasmático constante e da incorporação pela delimitação corporal.

Alienação


O termo alienação é principalmente um termo lacaniano e pode-se traduzir como o produto da clivagem ou da dissociação do eu ou partes importantes do eu. Este não é ele mas o outro ou no limite o mundo externo, desapossado de si mesmo.
 É a identificação ao outro tal como Jacques Lacan descreve na Fase do Espelho, elevada ao seu expoente máximo de loucura e em que o único resultado é a fragmentação por inundação de estimulação vindo do externo ao sujeito, presente em psicoses ou Estados-Limite ou na indução por substancias tóxicas.
 Na fase do espelho, a criança olha-se e desconhece-se pois foi a imagem da mãe, e aos poucos, vai-se habituando e reconhecendo como si mesmo aquele que visualiza no espelho. Estas vivências ocorrem entre 8 meses e ano e meio. Esta alienação natural faz parte da evolução psicológica de qualquer ser humano.

Auto-Erotismo


Designa o comportamento sexual infantil que a criança apresenta após os primeiros meses e a separação à mãe. É a exploração do corpo, por parte da criança, exploração que implica o prazer de caracter sexual, sem recorrer a qualquer objeto.

Depressão Anaclítica


A depressão anaclítica é uma conceção criada por René Sptiz para designar o estado de sofrimento de uma criança abandonada pela sua mãe, após reconhece-la como tal. Esta situação pode ser reversível se a figura materna voltar à relação e aos cuidados da criança ou não, pode durar a vida inteira.
 A depressão anaclítica é descrita a partir de comportamentos tais como: o choro, o fechamento ao mundo externo e a indiferença. Também poderá estar associada à procura incessante de apoio e de figuras maternais que possam repor o que a criança ou o adulto perdeu e não recuperou.

Alucinação


É um modo de defesa presente nas psicoses e também eventualmente nos Estados – Limite. É a utilização de um dos cincos sentidos para a criação nefasta de um objeto que é colocado no mundo externo, onde não existe nada.  É o trabalho de colocar algo no exterior que lhe pertence e depois regressa ao interior de onde saiu. Para Sigmund Freud, é o regresso daquilo que foi rejeitado

Podem envolver várias qualidades sensoriais – forma, cor, textura e odor - .Podem ser :

Alucinações cénicas (tratam-se de cenários, cenas no ambiente, destacando-se inclusive dos objetos que realmente existem)

Alucinações Cenestésicas (envolvem o corpo e os órgãos)

Alucinações Cinestésicas (envolvem o movimento)

Alucinações auditivo-verbais (envolvem a audição)

Alucinações mnésicas (déjà vu ou falso reconhecimento)

Alucinações olfativas (envolvem o odor)

A alucinação pode não ter um carater psicopatológico, podendo ser considerado um fenómeno normal não habitual.

Perversão


A perversão pode ser entidade como uma relação com objeto parcial que apresenta um cariz sexual. O conflito interno mediado na relação parcial é colocada como conflito externo contra pessoas ou entidades várias. Pode ser descrito também a partir do sofrimento – tipo de – que o individuo perverso provoca a si ou outro, estando invariavelmente sempre em transgressão e/ou oposição ao que é comumente entendido como social, moral ou ético. Há uma falha séria e grave ao nível dos processos de socialização e período de latência nos indivíduos perversos.
As perversões mais conhecidas são: masoquismo, sadismo, voyeurismo, pedofilia, exibicionismo ou fetichismo. Aquilo que mais se desta nas perversões é: Objetalização do outro e o prazer está ligado ao sexo

Delirio


Delírio

O Delírio é um mecanismo de defesa psicológico constituído por Sigmund Freud. Segundo este autor, o delírio é a tentativa falhada de construção da realidade através da procura da libido e a sua reconstrução interna, contudo o que regressa ao interno em nada é parecido com o que existia. É utlizado a par de outros mecanismos de defesa primários tais como a clivagem e a projeção e também utiliza a regressão, contudo esta ultima é usada sem possibilidade de retorno ao estado atual. O delírio danifica de forma séria a mente e as funções mais basilares tais como a perceção ou a cognição. A defesa  pressupõe a falta de aceitação por parte do individuo de representações e conteúdos que provocam sofrimento.

Alguns tipos de Delírio:

Delírio de Controlo

Delírio de Perseguição

Delírio de Grandeza

Delírio de Ciúmes

Delírio de Referência

Delírio de erotomania

Delírio mística e religioso

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Sindrome de Cotard


O síndrome de Cotard é uma forma de delírio de negação intensa. Está associada a perturbações psicológicas graves tais como a melancolia ou a hipocondria ou a psicose maníaco-depressiva. Também pode surgir em situações traumatizantes graves. O paciente nega a existência de partes do corpo e vivencia a sua ausência embora esteja conscientemente vivo e sinta o órgão ou a parte do corpo em questão. (não ter olhos e não ver concretamente, sem qualquer problema físico associado, não ter coração e não sentir, não ter fígado e ou este estar morto e não exercer as suas funções, poderá sentir-se em putrefação e viver as imagens, sons e odores associados a estados de decomposição conhecidos.

Este termo foi conceptualizado por Jules Cotard, médico francês.

Processo Secundário


O processo secundário é um dos modos de funcionamento do aparelho psíquico. Pode-se afirmar que ao processo secundário pertence tudo aquilo que é consciente: imagens, sons, representações, ações, palavras entre outros conteúdos que são conscientes. Está associado ao ego e ao super-ego parcialmente. É um processo cujo objetivo é satisfazer aquilo que o ego pretende, sem deixar de considerar os impulsos imediatos do Id.

A par com o processo primário rege o funcionamento mental.

Investimento


É o acumular de energia investida em determinada representação ou conteúdo. Pode se também traduzir pela ligação de determinada energia a uma presentação ou conteúdo

Contra-Investimento


É o suporte às atividades de investimento do ego que impossibilita o acesso à consciência de desejos, fantasias ou outros conteúdos inconscientes no investimento

Condensação


É um mecanismo de defesa primordial de funcionamento inconsciente. É a fusão de duas ou mais ideias ou conteúdos ou representações numa só. Está associada ao processo de sonho.

Falha Basica


Conceito criado por Michael Balint para designar o espaço que existe antes do aparecimento do édipo e é tido como ausência de uma terceira pessoa estruturante. Após a separação com a mãe, na relação precoce, é o espaço no qual o sujeito fica entregue a si mesmo e às suas necessidades psicológicas e fisiológicas

A falha básica poderá ser associada ao espaço transicional avançado pelo seu colega de profissão Donald Winnicott. 

Processo Primário


O processo primário é um dos modos de funcionamento do aparelho psíquico, descoberto por Sigmund Freud. Corresponde a todo aquilo que é da ordem do inconsciente ou a este está associado: sons, imagens, vivências, ações, textos, palavras, entre outros conteúdos ou representações. É a forma de funcionar segundo o princípio do prazer, muito comum ao sonho. Este modo de funcionamento tem por objetivo escorar toda a tensão existente no sistema psíquico que diga respeito quer às pressões de contenção e angustia provocadas, em parte pela ação do Super- Ego quer pelas pressões vindas do Id.

Principio da Realidade


O principio da realidade foi descrito por Sigmund Freud e designa um dos dois princípios que rege todo o aparelho psíquico. Corresponde a uma transformação da energia livre em energia ligada, sendo também considerada como um determinado tipo de energia pulsional que está ao serviço do ego. Orienta e guia os estímulos externos e internos que chegam ao aparelho psíquico de forma a que de acordo a interação entre os três sistemas (Id, Super-Ego, Ego) se ligue, satisfaça, ou seja recalcada.

A par do princípio do prazer, rege as diferentes ações do aparelho mental do ser humano. Enquanto o princípio do prazer procura a satisfação e a realização do desejo a todo o custo pelos caminhos mais curto de obtenção do prazer, o princípio da realidade tenta adiar o prazer se esse é comprometedor com as condições impostas pelo mundo externo e também, em especial pelo Super- Ego.

Fantasia


Fantasia pode ser traduzido como devaneio, sonho ou a rigor: imaginação. É o momento figurativo de uma imagem- registo da atividade psíquica de um determinado modo. A fantasia pode ser consciente ou inconsciente.
 A fantasia consciente – devaneios / romances relatados pelo individuo a si própria – participam na ordenação do conteúdo manifesto do sonho. 
A fantasia inconsciente – sonhos, em especial – derivados do inconsciente em interação com o pré-consciente e a realidade – os acontecimentos de vida.

Lapso


É o ato de colocar uma palavra no lugar de outra que se pretendia dizer ou escrever. Os lapsos são o resultado de um processo de contaminação, por semelhança de uma palavra em relação a outra. Está próximo do mecanismo de condensação, presente em especial no sonho.

Exemplos de simples de lapsos são as trocas de palavras que apresentam uma semelhança externa tais como a fonética ou uma semelhança vivencial que só a pessoa que o tem terá algum conhecimento do seu significado.

Repetição ( compulsão a )


O conceito de repetição está intimamente ligado ao de compulsão e embora apresente um caracter patológico, pode ser entendido na relação psicológica de objeto. Desde a nascença  que o ser humano repete ações, vivencias e/ou acontecimentos que são aquilo que se chamam ritmos ou rituais, permite o firmar e o estabilizar.
É o ato de repetir que dá a possibilidade de ligar e de criar enquanto elaboração psíquica habitual. Permite sobre o mesmo, ensaiar o novo, integrar, unir e associar.
 Em 1920, com a obra “Para Alem do Principio do Prazer”, Sigmund Freud relaciona compulsão com repetição para dar conta de um processo inconsciente que o individuo não consegue controlar e que obriga constantemente a repetir sequências para assim poder resolvê-las, isto é a tentar liga-las, a tentar reelabora-las.
Não é a procura de sofrimento da situação que desliga e desintegra que um sujeito procura, mas sim a possibilidade união por forma a apaziguar o excesso de estimulação ao nível do aparelho psíquico. A compulsão à repetição apresenta o caracter conservador e de procura de tranquilidade. Esta associada à regressão pela tentativa de voltar ao estado de bem-estar anterior ao sofrimento que lhe foi infligido.

Ideal do Ego


Ideal do Ego trata-se de um conceito de psicanalise criado por Sigmund Freud no texto “Uma introdução ao Narcisismo” (1914). Segundo este autor, é definido como instancia ideal constituída pelas aspirações parentais em relação ao filho/a e serve de referência ao ego. É mais pequeno e com menos importância que as instancia que constituem o aparelho psíquico : Id – Super-Ego- Ego. Resultante  da conciliação do narcisismo com a idealização do ego nas suas identificações aos pais, os seus substitutos e aos ideais coletivos, sejam estes sociais, comunitários, morais ou éticos. Um modelo ao qual o individuo procura alcançar. Diminui à medida do desenvolvimento psicológico, estando pois dependente deste na evolução. Podemos perceber a ação do ideal do ego na realidade quando um individuo se apaixona e vive o delírio amoroso de paixão inicial ou então, quando nos submetemos a um mestre ideal no qual se projetam as aspirações sonhadas.

Luto


O luto é um processo intrapsíquico que ocorre da perda concreta de um ente querido. Pode estar relacionada com a perda de um animal de estimação, um objeto em concreto, um lugar, uma posição, entre outros. É uma atividade de elaboração psíquica, de construção que se apresenta como uma necessidade da mente associar e/ou ligar representações traumatizantes relativas à perda.

Sigmund Freud, medico psiquiatra e psicanalista, foi o primeiro clinico a descrever o luto, quer como processo normativo ou processo patológico. 

Luto Normativo = consciência da perda, perda real/ luto é processo doloroso, lento e natural/ tem características de tristeza profunda e pode levar um individuo a resguardar-se no seu mundo, afastando-se dos outros/ grande atividade psicológica de perda e de criação sobre aquilo que se perdeu/ o pensamento, daquele que em luto, poderá estar na perda e não no trabalho, na relação amorosa, nos afazeres do quotidiano/ Medo e Culpa/ retração narcísica como meio de proteção contra o esvaziamento efetuado pelo objeto interno perdido.

Luto Patológico = Dedicação exclusiva à perda e à lamúria, sem possibilidade de construção / Danos Egoicos / Impasse sem solução (Id versus Ego, Super-Ego versus Ego) – a perda é concreta e a exigência é de recuperação do objeto concreto /insistência – interna – em recuperar aquilo que não existe mais/ recusa  e negação da realidade.

 

O Luto é um processo psicológico universal e é palco de estudos por parte de psicólogos, médicos, antropólogos, sociólogos, biólogos e tantos outros profissionais que se dedicam à investigação e tratamento do ser vivo – humano ou animal -.

Tópica


É um dos conceitos mais importantes na metapsicologia freudiana. Significa sistema. O aparelho psíquico – a mente – descrita na metapsicologia pressupõe um determinado número de lugares que interagem entre si e possibilitam cada individuo ser como é, de acordo e no limite as suas funções cognitivas e afetivas em relação ao mundo externo. A esses lugares ou também designados sistemas foi dado o nome de tópica. Com Sigmund Freud e na psicologia clinica de base psicanalítica, existem duas tópicas:

A 1ª Tópica é constituída por Inconsciente (ICS) – Pré-Consciente (PCS) – Consciente (CS).

A 2ª Tópica é constituída por Id – Super –Ego – Ego.

Em síntese, existem três instâncias: Id (o lado pulsional), o ego ( a instancia que representa os interesses pessoais, em toda a sua extensão e a realidade), o super-ego (instancia que julga, critica e impede que os impulsos mais imediatos sejam realizados sem concordância com as contenções morais e éticas internas e externas). O Super-Ego regula a função do Id e tenta também regular a função do Ego. Este é o sistema ou tópica considerada atualmente . (= 2ª tópica ). A 1ª tópica – Inconsciente-pré-consciente-consciente, foi na origem da psicanalise a vigente para compreender os processos psíquicos, contudo, atualmente está integrada na 2ª tópica, estando por reduzida a conteúdos: conteúdos inconscientes, conscientes e pré-conscientes que constituem os sistemas da 2ª tópica.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Imago


Imago é a noção que designa uma representação mental de uma pessoa em relação a outra. É um “retrato” inconsciente das pessoas significativas na vida de um individuo, em especial o pai e a mãe, que molda e guia a percepção que se faz de qualquer pessoa.
As imagos principais são elaboradas durante as primeiras relações do bebé e ao longo da infância. Pode-se afirmar que uma imago materna é uma imagem subjetiva e fantasmática da mãe que foi constituída pela criança durante a infância.
É o juízo, pouco consciente que se faz do outro. Não é o retrato fiel à realidade mas poderá, de acordo com as vivência e a identidade de cada um, aquilo que mais próximo da realidade está.
Um imago objetiva-se através de pensamentos, imagens ou sentimentos.

Objeto Transicional


Foi descrito por D. Winnicott, psicanalista inglês e trata-se de um objeto material que adquire um valor importante de separação entre o bébé e a sua mãe. É associado à fralda e ao ursinho que fala e tem sono e é importante enquanto jogo e criação para a criança. É segundo este autor as tentativas da identidade que vai ser, o consolidar da verdadeira relação de objeto.

Transicionalidade


Em psicologia diz respeito ao espaço intermédio entre a realidade e o imaginário, entre o  mundo interno e o mundo externo. É o espaço que separa e também liga o individuo, é caracterizado como de criação, de jogo, de imaginação e também de relação.
Foi concetualizado por D. Winnicott, médico pediatra e psicanalista que se dedicou ao estudo da relação da criança com a mãe