Relação
de Objeto é uma conceptualização fundamentalmente psicanalítica. Refere-se ao
tipo de relação – que pode ser classificável de inúmeras maneiras – a um objeto
– psíquico ou físico. Possibilita compreender as relações e dinamismo da mente
humana. É, habitualmente, uma expressão pós-freudiana que designa a rigor as
modalidades fantasmáticas da relação do individuo com o mundo exterior, a partir
de referencias ao mundo interno, nas escolhas de objeto que o individuo faz.
Descreve e concetualiza o individuo como
ser individual e pensante, proprietário da sua ação consciente e/ou
inconsciente enquanto ser em relação com objetos, sejam estes internos ou
externos. Existe porque É em relação.
O
termo relação de objeto parte das conceções freudiana mas não só de pulsão mas
também daquilo que se adivinhou mais tarde como sendo o objeto. Da noção de
pulsão, não só o fim e o alvo são objeto de inspiração para a nova
conceptualização mas também o objeto definido em Sigmund Freud (1856-1939) como
uma pessoa, um objeto parcial, um objeto real ou um objeto fantasmático. Para
os psicólogos e psicanalistas freudianos não é uma invenção é uma recriação da
teoria freudiana.
Também
com o seu par Karl Abraham (1873 - 1933), psicanalista Alemão, encontramos a
noção de objeto e a sua influência impar sobre a compreensão da estrutura
psíquica. Dividiu os estádios da sexualidade infantil e atribuiu-lhes uma
posição estrutural, as atividades do individuo eram moldadas pelos próprios
objetos, pela relação que este construía com os objetos (parciais).
A
principal autora da conceptualização de Relação de Objeto foi Melanie Klein
(1882 – 1960) com a invenção de objeto bom e mau, na descrição das relações
objetais precoces, Desenvolvimento infantil. Escancarou a porta do pensamento
sobre a evolução psicológica de um individuo de acordo com sucessivos
reordenamentos da relação de objeto – de parcial para total. Da relação
pulsional e sexual passou-se a considerar os tipos de relação de objeto como
ponto de partida para o pensamento sobre o outro. Esta autora abandona a noção
de estádio e adota a noção de posição, querendo com isto dizer que um individuo
passa uma posição contudo pode voltar atras, para outra posição, sem com isto
querer dar o sentido de passagem de fase como sinonimo de desenvolvimento ou
evolução.
A
tónica foi colocada mais ao nível das relações entre o mundo interno e o mundo
externo, sem com isto querer dizer que Sigmund Freud não o fazia, contudo a dinâmica
dos processos psíquicos passam pelo o objeto e não tanto sobre o ego.
Depois
da segunda guerra mundial, a clinica das relações objetais assumiu tamanha
amplitude que ultrapassou a sua autora, tendo começado a surgir o termo Escola
das Relações de Objeto pela aderência massiva de grandes autores a esta
perspetiva psicanalítica. Na parte dianteira desta escola encontramos Michael
Balint (1896 – 1970), Wilfred Ruprecht Bion (1897 -1979), Ronald Fairbain (1889
- 1964) e Donald Woods Winnicott (1896 -1971), Hanna Segal (1918 – 2011)
Da
contribuição kleiniana que visava a realidade psíquica e a realidade
fantasmática foram adicionadas as realidades familiares, sociais, comunitárias,
entre outras, e a teoria de relação de objeto expande-se até aos nossos dias.
Foi ainda mais elevada através das elevadas descrições sobre as perturbações
mais atuais, as perturbações narcísicas muito associadas ao individualismo e ao
egoísmo no mundo ocidental dominado pelas razões de cariz económico. Também do
lacanismo adveio uma explicitação da presença e ausência do objeto- a privação
( falta real de um objeto simbólico), a frustração ( falta imaginária de um
objeto real) e a Castração ( falta simbólica de um objeto imaginário)
Da
Teoria da Relações de Objeto atribuiu-se a invenção de inúmeras
conceptualizações que a ela estão associadas tais como: objeto parcial e total,
fantasmático, frustração, Mundo interno e mundo externo, real, simbolismo,
objeto imaginário, entre outros. Também se atribui a tendência nefasta para
considerar a perturbação borderline ou comumente os Estados-Limites como a
perturbação com maior incidência no mundo, um saco fundo onde cabem todos os
distúrbios e não é verdade.
Destacam-se
algumas obras importantes sobre a Teoria das Relações de Objeto: Dicionário do
Pensamento Kleiniano, R. S. Hinshelwood, 1991, O Grupo de Independentes e a
Psicanalise Britanica, 1990, R. D. Eric Rayner, O seminário 4, A relação de
Objeto, 1956-1957, 1994, J. Lacan, A Psicanalise de Crianças, 1933, M. Klein,
Relações de Objeto na Teoria Psicanalítica, Jay R. Greenberg S. A. Micthel,
2003
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