quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Paixão


Paixão poderá ser traduzido como uma intensidade emocional psíquica e física sentida por outra pessoa. Este significado pode-se estender de forma sublimada a objetos, animais, convicções ou valores. Em psicologia clínica e também em psicanalise é considerada uma modalidade de relação de objeto  que se refere quer ao amor, ao místico, à coleção, ao jogo, ao mestre ou ídolo, com investimento libidinal transbordante do eu sobre o objeto  (único). Pode-se afirmar que a paixão está associado ao mecanismo psíquico de idealização, quer esta seja positiva – mais direcionada para o amor, contudo em excesso, ou negativa – mais orientada para o ódio. É pela intensidade do sentimento muito vivo com “cegueira” e enfraquecimento da razão, que a paixão poderá ser compreendida como a relação com o “grandioso”, só esse capaz de prover alguma coisa de bom ao individuo que sente paixão por. Pode cair sobre a procura incessante e para o inalcançável – a escolha de objeto anaclitico – e levar ao desequilíbrio psíquico grave, pela incapacidade de lidar com o extremo emocional. Temporário, inicio da relação amorosa e não só, ou infindável, desequilíbrio de personalidade.

Sigmund Freud (1856 – 1939), pai da psicanalise e teórico da sexualidade humana,  relançou sobre  a temática da paixão sobre a vida amorosa dos seres humanos, a interpretação de uma procura de anaclise sobre as pessoas que podem assegurar os cuidados e a proteção da criança, fazendo referência, dentro do narcisismo, à procura regressiva ao materno, ao ser infantil. Defende para a paixão, intensa e ideal, a escolha de objeto narcísica na qual o objeto é escolhido não pelo modelo da própria mãe mas pelo modelo da própria pessoa, sempre idealizado. A escolha do outro é sempre uma escolha idealizada, isto é, com frágeis laços sobre a realidade concreta desse mesmo outro, mas com aquilo que se impõe como idealizado.

Quando a paixão é assemelhada ao amor, amamos segundo o tipo de escolha narcísica o que fomos ou o que perdemos ou ainda aquilo que possui qualidade eminente que falta ao eu para atingir o Ideal. Amar é suprimir a falta do outro naquilo que ele é e pode satisfazer as necessidades do outro naquilo que ele comtempla como tal, é amor oblativo.

Ter uma paixão é procurar encaixar qualquer um, aquele mais semelhante a um ideal não vivido mas distorcido naquilo que se percecionou na infância, nas primeiras relações. É a procura de um ideal que é parte de si mesmo, no limite aceitável daquilo que é, o si mesmo e não, nunca, um outro, diferente, complementar.

A paixão possuiu o poder de suprimir os recalcamentos e restabelecer as perversões, elevando o objeto sexual à categoria de ideal sexual. Este ideal sexual deve ser entendido como procura de uma satisfação substituta e não uma satisfação com substituição simbólica, podendo ser entendida numa relação de assistência com o ideal do eu. Retorno ao narcisismo e procura de um outro (outro-bengala ideal) que possua as perfeições que um individuo não pode atingir.

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