Paixão
poderá ser traduzido como uma intensidade emocional psíquica e física sentida
por outra pessoa. Este significado pode-se estender de forma sublimada a
objetos, animais, convicções ou valores. Em psicologia clínica e também em
psicanalise é considerada uma modalidade de relação
de objeto que se refere quer ao
amor, ao místico, à coleção, ao jogo, ao mestre ou ídolo, com investimento
libidinal transbordante do eu sobre o objeto
(único). Pode-se afirmar que a paixão está associado ao mecanismo
psíquico de idealização, quer esta seja positiva – mais direcionada para o
amor, contudo em excesso, ou negativa – mais orientada para o ódio. É pela
intensidade do sentimento muito vivo com “cegueira” e enfraquecimento da razão,
que a paixão poderá ser compreendida como a relação com o “grandioso”, só esse
capaz de prover alguma coisa de bom ao individuo que sente paixão por. Pode
cair sobre a procura incessante e para o inalcançável – a escolha de objeto
anaclitico – e levar ao desequilíbrio psíquico grave, pela incapacidade de
lidar com o extremo emocional. Temporário, inicio da relação amorosa e não só,
ou infindável, desequilíbrio de personalidade.
Sigmund
Freud (1856 – 1939), pai da psicanalise e teórico da sexualidade humana, relançou sobre a temática da paixão sobre a vida amorosa dos
seres humanos, a interpretação de uma procura de anaclise sobre as pessoas que
podem assegurar os cuidados e a proteção da criança, fazendo referência, dentro
do narcisismo, à procura regressiva ao materno, ao ser infantil. Defende para a
paixão, intensa e ideal, a escolha de objeto narcísica na qual o objeto é
escolhido não pelo modelo da própria mãe mas pelo modelo da própria pessoa,
sempre idealizado. A escolha do outro é sempre uma escolha idealizada, isto é,
com frágeis laços sobre a realidade concreta desse mesmo outro, mas com aquilo
que se impõe como idealizado.
Quando
a paixão é assemelhada ao amor, amamos segundo o tipo de escolha narcísica o
que fomos ou o que perdemos ou ainda aquilo que possui qualidade eminente que
falta ao eu para atingir o Ideal. Amar é suprimir a falta do outro naquilo que
ele é e pode satisfazer as necessidades do outro naquilo que ele comtempla como
tal, é amor oblativo.
Ter
uma paixão é procurar encaixar qualquer um, aquele mais semelhante a um ideal
não vivido mas distorcido naquilo que se percecionou na infância, nas primeiras
relações. É a procura de um ideal que é parte de si mesmo, no limite aceitável
daquilo que é, o si mesmo e não, nunca, um outro, diferente, complementar.
A
paixão possuiu o poder de suprimir os recalcamentos e restabelecer as
perversões, elevando o objeto sexual à categoria de ideal sexual. Este ideal
sexual deve ser entendido como procura de uma satisfação substituta e não uma
satisfação com substituição simbólica, podendo ser entendida numa relação de
assistência com o ideal do eu. Retorno ao narcisismo e procura de um outro
(outro-bengala ideal) que possua as perfeições que um individuo não pode
atingir.
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